Grupo Eduardo Galeano
de Estudos e Pesquisas Latino-Americanas
em Comunicação Social

"A República Federativa do Brasil
buscará a integração econômica, política,
social e cultural dos povos da América Latina,
visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações".
(Art. 4º, Parágrafo único,
Constituição da República
Federativa do Brasil).

 

Desde 1991, o Brasil é membro fundador do Mercosul e de outras organizações latino-americanas. Mas foram nos últimos 12 anos os avanços mais significativos em nosso país que implicaram na direção de uma maior integração latino-americana de vários pontos de vista: comercial, cultural, política, econômica, social. No entanto, do ponto de vista da Comunicação Social há a necessidade de uma maior integração. No Brasil ainda preferimos acompanhar em maiores detalhes o noticiário proveniente dos EUA, Europa ou até mesmo no Oriente Médio, embora os demais países do Mercosul sejam nossos principais parceiros comerciais. As escassas notícias provenientes dos demais países da América Latina quando não são vistas de forma manipulada ou distorcida (sobretudo no caso de países como Cuba, Bolívia ou Venezuela), são vistas sob uma perspectiva estereotipada ou até mesmo preconceituosa. Reproduzindo um ponto de vista não estranhamente solidário com a visão os grandes meios de informação europeus e americanos têm dos países hispano-falantes. Sendo assim, nos propomos a criação de um grupo de pesquisa que pretende pensar a Comunicação Social de um ponto de vista latino-americano e concomitantemente assumindo uma postura política visando a democracia e à emancipação de nosso continente, sobretudo dos socialmente oprimidos, enquanto expectativa futura.

O nome deste grupo homenageia, por afinidades ideológicas e de princípios, o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Hughes Galeano (1940 – 2015). O qual, não só recebeu (2008) o primeiro título de cidadão ilustre do Mercosul, como também é reconhecido mundialmente por suas obras que unem jornalismo, ficção literária, análise política e reflexão histórica em favor da integração regional. Para atingir nossos objetivos buscamos o intercâmbio acadêmico, a multidisciplinaridade, a cooperação solidária e o respeito mútuo.

Dessa forma, nosso grupo busca responder a seguinte questão: como desenvolver enquanto campo de pesquisa a área de confluência entre o campo da Comunicação Social e os estudos latino-americanos (área de estudos que se dedica a estudar a América Latina a partir de diversas perspectivas) e adotando como parâmetro político o anseio pela integração latino-americana.

No intuito de pensar a questão os autores referenciais para nossos trabalhos são os teóricos da tradição da Teoria Crítica da Comunicação. Portanto, adotamos o conceito sobre comunicação teorizado não em conjunto, mas de forma convergente por Paulo Freire e Jürgen Habermas, enquanto busca de entendimento mútuo, livre de dominação e coparticipava no ato de pensar com vistas à emancipação humana. Nesse sentido, nossa práxis se norteará pela sua inserção dentro da tradição do pensamento marxista. Assim em termos metodológicos estamos privilegiando a pesquisa bibliográfica, leitura e discussão de textos relacionados aos nossos objetivos e ao desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa.

Espera-se que nossas atividades possam contribuir para que se possa evitar a tradicional fetichização dos meios tecnológicos de comunicação e informação, bem como a reificação das relações de trabalho no campo da Comunicação Social e a reificação das relações entre os profissionais de comunicação com seu público.

Nossa práxis se constituirá em torno de duas linhas de pesquisas que dialeticamente se complementam:

Meios de comunicação social e integração latino-americana;
Comunicação e estética latino-americana politicamente engajada;
Comunicação social: ideologia, análise do discurso e semiótica.

Assim, por meio de tais linhas, nós nos organizamos em torno do oferecimento de disciplinas, de reuniões, publicação de textos e livros, oferta de palestras, cursos, minicursos em diferentes níveis. Bem como através da organização de encontros, colóquios, congressos, mostras audiovisuais e de outras atividades que visem prospectar, analisar, refletir e divulgar informações sobre a relação da Comunicação Social com os estudos latino-americanos, dentro de uma perspectiva histórica, estética, social e política. Assim sendo, nossa perspectiva será sempre em um sentido mais amplo a do internacionalismo socialista e em um sentido mais específico o ponto de vista latino-americanista.

O aprofundamento da democracia em nosso país e nosso continente passa necessariamente pela regulação social da mídia e pela quebra do monopólio dos meios de comunicação na América Latina. Algo que, se somarmos as inúmeras oportunidades de criação mais livres oferecidas pelas novas mídias, inevitavelmente aumentará as oportunidades de realização profissional para os profissionais formados por nossos cursos superiores de Comunicação Social.


“Em nossa América Latina quando as palavras e os feitos se cruzam nas ruas, não se cumprimentam porque não se reconhecem.”